quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

DOISMILENOVIDADES

A quem pertence a nossa vida?

Há momentos da vida são tão sem graça. O pior é que não temos muita opção nesses momentos insípidos, no máximo, amargos. Inicio de ano, para mim, é completamente vazio. Detesto esses cortes que fazemos de um nada, para lugar nenhum. Os dias são uma sucessão de chatices: As guerras continuam. Os políticos fazem farra com o dinheiro público e, o desemprego retoma sua meta de desesperar quem tem família e filhos pequenos para mate-los com o mínimo de dignidade. As escolas retornam as aulas, com o mesmo sem vontade com que encerrou o ano anterior. Nada mudou!
“Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido”. Divido com Gilberto Gil esse desencanto e descontentamento com os tempos que não nos ensinam nada. Não há nada de novo sob o sol que nos queima cada vez mais. Páginas de revistas repletas de futilidades. Jornais que nos presenteiam com alimentos à nossa impotência. E, eis que surge a pergunta inevitável: a quem pertence a nossa vida? Altera-se um dígito no calendário, mas, as mazelas humanas continuam as mesmas. Contam sempre com melhores tempos vindos, que substituam os idos.
Como não sabemos quanto tempo ainda nos cabe: “tudo agora mesmo pode estar por um segundo”, vivemos de um resto de ontem, temperando com um agora estéril sem novidades ou, no máximo, as mesmas de sempre. Dois mil e “nov-idades” antigas: Barcos que partem pessoas que nadam em local tido como seguro. Judeus que alimentam o ideal Palestino de morrer mártir, e chegar ao céu com honras angelicais. A Bolsa que subiu. O dólar que Caiu. A fábrica que fechou. O marido que matou a mulher e se suicidou... Os pais que se divertiam numa festa de fim de ano e nem se importaram com uma criança de quatro anos de idade, que se embrenhou numa mata por cinco dias, perdida, comendo barro e tomando água de chuva.
O novo vai todo dia pro lixo. O mau gosto efêmero se reconstrói a cada segundo. Os segundos que chamamos renovação. “Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido. Transcorrendo, transformando, tempo navegando em todos os sentidos”! A poesia se renova a cada vez que nos deparamos com sua maestria de eterna! Que bom que há poesia no ar contaminado das nossas vidas urbanas. “Tempo rei, tempo rei, tempo rei, transformai as velhas formas do viver”.


Leudo Carvalho, 07 de janeiro de 2009.