sábado, 27 de dezembro de 2008

E o sapato vai para...

Faz parte do costume de certos povos islâmicos, atirarem sapatos na direção daquilo, ou, de quem, esteja sendo repudiado, ou quem caiba tamanha expressão de desprezo. Fiquei me perguntado: Em quem atiraria meus sapatos? Já pensou se esse costume fosse adaptado à Holanda e... Aqueles tamancos de madeira substituiriam os calçados produzidos em pelica, ou outros diversos materiais, em outras regiões do mundo globalizado? Uma antipatia de peso!
Os estilos de calçados de algumas celebridades, alguns personagens famosos do mundo e da mídia, podem ser especulados: Em quem Carmem Miranda jogaria seus tamancos? E, Chaplin? Jesus de Nazaré: suas sandálias? Maria Madalena? Hitler: seu coturno? Fred Asteir? Osama? Obama? Gandhi? Maycon Jackson? Gisele Bündchen: Suas “Ipanema”? Assis: suas meigas franciscanas? Alguns, provavelmente, têm o cheiro dos sapatos, bem melhor que os de sua própria reputação. Em quem esses, e outras tantas personalidades da história da humanidade - deixamos por sua conta as sugestões - em quem eles jogariam seus calçados? Quem angariaria a antipatia deles, ao ponto de fazê-los perder, completamente, as possibilidades de proferirem suas indignações de outra forma, e, só lhes restassem à alternativa de arremessar os sapatos. Última instância. Ponto final.
E os seus sapatos, hein? Prestar-se-ia a que tipo de protesto? Teriam que tipo de alvo: vilã ou, vilão? No caso do Bush, só resta saber em quem ele arremessaria os dele? De uma coisa tenha certeza, parafraseando Hemingway: Não perguntem por quem os sapatos foram arremessados no Bush? Eles foram arremessados por você!

Leudo Carvalho, 16 de Dezembro de 2008.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vendo...

A chuva remove montanhas!

Vi uma cidade se desmanchando como gelatina. Como castelo de areia quando lambido pela água do mar. Só que esses “castelos” eram reais. Não há mais jardins, quintais, varais. Não há nada que o sol possa secar. E a dor no peito a varar, sangrar, roer... Punir. Casas e sonhos. Coisas em lixo. E, a montanha vindo abaixo. O morro alto que ficou chato. Tudo que, em tão pouco tempo, virou nada... Já não há estrada: “Ali onde está aquela lâmina dágua, era aminha morada”, diz uma voz desamparada!
A montanha andou. O barro vermelho que sangrou, parecia as entranhas do morro. O morro que pedia socorro. Horrorizado com quem nele fazia morada. Arvores foram fatiadas e, casas, no lugar delas, foram plantadas. Mas, o morro descia... A montanha fervia... Mesmo quando o céu cuspia água... Água que rolou no rosto da mãe desesperada, como gotas de mágoa.
Mata e montanha, devastadas. As imagens pela televisão, de tão exploradas, moveram as montanhas de nossos egoísmos. As montanhas que, não fosse uma desgraça, para que escalássemos, e entendêssemos nossas limitações, não estaríamos nem aí para nada. Vimos como podemos realizar os milagres na vida de nossos humanos irmãos. Será que a seca salvará mais pessoas que as enchentes? Será que nossos irmãos do Nordeste também não sentem ausência de chuva nos dentes que ganem para o mesmo céu que nos cobre? O céu em que a fé busca saciar a eterna sede de ser cidadão? Terá céu acima do chão? O solo do sul a rachar, soluçando na busca de solução. Solução que se encontra na palma da mão de quem se consterna com os últimos acontecimentos dramáticos. Quem vai virar o jogo e transformar as perdas em nossa recompensa? A Chuva removeu muitas montanhas em uma só enxurrada. Mandou brasa no coração dos nossos eus frios. É, água, é fogo! Vamos nos lavar nessa correnteza, nesse imenso e solidário rio... Afinal, todo rio corre para o mar, misterioso mar!

Leudo Carvalho, 05 de Dezembro de 2008.

sábado, 4 de outubro de 2008

Balada de interrogações e tardes

O que há de insano no meu modo de ser? Nas tardes de sábado me disfarço de estátua da liberdade - “... na mão direita tenho uma roseira autenticando uma eterna primavera e nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis...” - é o sopro da poesia de Caetano nas minhas trompas de Eustáquio, forjada no martelo e na bigorna dos meus ouvidos médios. Às minhas semanas têm “Oiticica dias”, um deles é uma aba no tempo transacional. Sempre saio às tardes, buscando o sol que, de novo, não tem nada de novo e, mesmo assim, volta num outro entardecer com brilho remoçado. E, se põe e vem, e se põe e... A lua cheia no céu desses finais de tarde, início de noite, surge amarela, como se fosse um broche de ouro posto no vestido da dama noite. O Verbo é o meu açoite, decolo assim pros outros dias...
Que há de insano no meu jeito de pensar? Mas, o “Alienista” do mestre Machado, com certeza me transformaria num residente da Casa Verde, afinal, toda forma de “pensar” é uma forma de incomodar. Volto, assim, ao luar, não uivo, não quero acordar os centésimos que fracionam o estendido e entediado tempo, tempo eterno mesmo sendo um momento. Subo a tona para respirar, tão logo desperta a nação. Volto a mergulhar e, voltar à tona e, mergulhar e... Cada vez que volto estou diferente! E, continuam as perguntas: o que há de mar dentro de mim? A blindagem do meu córtex garante a minha motricidade... Nesses mergulhos tenho muito que driblar, contornar, concertar e avançar, concertar e avançar e... Cubro-me com estrelas do mar e mergulho no sono!
O que há de insano no meu jeito de estar? Bóio sobre o meu baú de coisas nesse mar de letras. Estou bravo, estou careta, estou quebrando minhas paredes com marretas. Onde estou? Sei que quando estou, sou! Não adianta perguntar-me aonde vou. Penso que não mapeei o caminho que já tracei, mas, pelos rasgos nas minhas vestes, com certeza, haviam rosas e espinhos. Meus trapos de linho branco, do algodão vindo do mesmo pó que me pariu. Será que estou vil? Sei que estou a zero e, noutros momentos, a mil! O mar subiu para respirar, então, sigo por aqui... Voar? Não, não gosto de voar. Quando o elemento é o ar, o atrito é mais reticente... Fico nesse mar da minha mente com esse sol que insiste em seu eterno bailado entre poentes e nascentes!

Leudo Carvalho, 04/10/2008

domingo, 7 de setembro de 2008

Cordelando!* Para o Tio Ronie

CORDEL DA HISTÓRIA DOS NÚMEROS.


Foi dando nó em cordinhas
Que nossos antepassados, bem lá no passado,
Contavam os seus carneirinhos
Pra comercializá-los nas feiras dos largos
Logo, foram usadas pedrinhas para vender ou comprar nos mercados.
As primeiras calculadoras surgiram por esses lados.
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números

Os Árabes incrementaram
o conhecimento dos indianos
Transformando a forma escrita dos símbolos
Que hoje são conhecidos como números indo-arábicos.
O zero, o um, o dois e os demais infinitos números Naturais,
Transformaram os contos das mil e uma noites do mundo
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números.

Aprendemos a jogar dado, sinuca e carteados.
Saímos da terra pelo mundo avantajado.
Todo número deve ser comparado ao que está quantificando
Foi pela necessidade do comércio de produtos,
e pelas viagens pelo mar profundo,
Que os números foram nas nossas vidas espalhados.
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números.

Tinha osso com marcas neles gravadas,
Papiro de Rhind com inscrição,
Tinham pirâmides, tinha filósofo grego, escrava e soldado.
Essa “gregalhada” nem sabia que, um dia,
seriam de matemáticos, chamados.
Não se sabe se comiam com garfos nem tampouco se a pizza existia,
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números.

Também ninguém conta se naqueles dias,
havia mais João ou mais Maria.
Mas, a verdade é que até nossos dias
esses símbolos numéricos chegaram,
E ganharam força aqui no improviso,
Procurando a métrica e rima como guia.
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números.

Olharam pro céu, mediram a terra, viraram o mundo.
Confesso que nem sei se sabiam que havia minuto e segundos.
Só sei que pra chegar até nossos dias
Eles estudaram tudo isso a fundo
Calculando a saída pro meu verso não ficar quebrado
eu mergulho certo no que contaram as nossas tias,
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números

Lá pras tantas, nas matas e no mar se embrenharam,
Português fez o índio de otário
Gritou: terra a vista!
Mas nem a prazo pagaram
O danado é que hoje todo operário
Continua escravo de um salário
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números

Pinguela virou ponte
Pirâmide virou palácio do planalto
Presidente atrapalhado ta no lugar do faraó surdo
E os ministros são os seus soldados
Todos eles montados em “cavalos alados”
O povo a carregar pedras, com pouco estudo.
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números

Pitágoras dizia; “o numero dirige o Universo”.
E que “tudo é número”
Não duvido disso, nem de que,
O homem em sua maioria é perverso.
Mas tem o que ama e faz verso
Mesmo calculando seus movimentos e pensamentos confusos
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números

E assim vou chegando ao começo do fim
Se não conhecemos as regras e os algoritmos
A matemática é má, é ruim.
Mas, olhando por sobre ombros,
De ninguém menos que Tales, Euclides, Joca Wolff e Bráulio Tavares,
Eu garanto que o jogo só está nas preliminares
Cantando esse mote eu encontro o prumo pra contar o cordel da história dos números.

Leudo Carvalho, 2008-09-07

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

INVENÇÃO

Quero uma mulher, uma mina:
Uma Carolina do mestre Luiz Gonzaga.
Uma Beatriz, de raiz.
Uma Capitu,
Uma Vera gata,
De preferência inexata.
Pode ser uma que chuta lata.
Mulata tanajura, com doçura.
Uma gravura,
Uma pintura
Ou mesmo grafitada.

Signo de explosão tatuado Nas pálpebras,
E na mão;
Nos flancos, um vibrar de batida de coração.
Ah! Uma Neuza Deusa
Todas devem ter olhar de sedução
Que me tire O chão
Que me livre do alçapão
Uma paixão transcendental
Como já não mais há igual.

Uma Marisa aos montes, uma Gal
Soprando amor no meu ouvido
Como já não há mais.
Ises sem vertigem
Carmem crua
Marta nua
Todas guiadas pelas variações da lua
Clara chama silente ardendo meu sonhar.

Que corram na minha rua, nuas,
nas Fases cheias.
Uma sereia Luiza, Possi, Bethâneas
Marias Faceiras!
Deitadas na areia de qualquer litoral
E me diga que sou delas, o tal.

Para um romance normal,
Aventureiro,
Certeiro,
Confiante,
Uma música para uma estrela dançante.
Que possam ser devoradas por fados;
Quem sabe, um sopro de um tornando.
Tornando mais suave a aragem
E o resto... Ah! O resto é sem margem.
LEUDO 29/09/07

Floriosofiando






Floripa dos portais.
Como que em tinta, pinta-se, em vitrais.
Amor de outros Portugais,
Porto-Floripa


Floripa é uma mulher.
Coimbra e Hélida a quem souber!
Aprendi com elas a dizer, adeus saudades.
As pus, no morro da cruz,
Nos dias de sol,
Em fins de tarde.


Às vezes fico pensando...
Floripa, para onde estamos te levando?
Crianciãos,
Aqui,
Estamos.
Mas é para o novo que apontamos!





2007-11-27

terça-feira, 13 de maio de 2008


Ordem no caos.

Ontem à noite o “Jornal Nacional” terminou em poesia. Resultado de uma doação de livros, feita por um professor que é natural de uma cidade do sertão do Nordeste. Ele ensina num grande centro e, voltando para rever sua cidade natal, resolveu fundar a primeira biblioteca pública no seu lugar de origem. Está sendo bem freqüentada por famintos de informação e poesia. É o saber, indo de encontro a quem está vindo para o futuro que, ele, o professor doador de livros, está no seu atual momento. Uma volta para seu passado, no seu presente. Bela fusão.
Antes de ontem, a Internet divulgou fotos do telescópio espacial Hubble, que está a dezoito anos em órbita da terra. Cinqüenta e nove imagens de galáxias em fusão chocam-se, umas com as outras, com outras: duas, três, várias. Umas, vivem em rota de colisão. Outras se atraem, com suas enormes marés de gravidade. Vestígios do ontem delas, na construção de um novo que, será velho no futuro, no futuro. A ordem no caos da eterna cosmogonia. E eu? Eu organizo o movimento no meu novo e quase velho momento, que será, daqui a pouco, outro meu velho novo.
Poesias que se fundem, rasgando os verbos dos sentidos: viver, ver, ouvir e estar, mesmo não estando lá. Quando estou aqui, galáxias continuam a se fundir, leitores continuam a evoluir. Será que é evoluir? Sei que é seguir! Buscando a ordem no caos. Recriando o que vai ser destruído, para a continuação da criação. Fusões de linguagens: verbal, e não verbal. Caetano Veloso já disse que: “A prosa e a poesia, e sobre tudo, a poesia, é o que podem lançar mundos no mundo”, vamos viver a fusão entre leitura e mente. Vamos nos esclarecer, para não corrermos o risco de acreditar em quem se diz esclarecido!


Leudo, 27 abril 2008.

terça-feira, 4 de março de 2008

Seguindo!


Findando, indo!

É do mundo que você quer saber? Pois lhe digo, sem censura para o que está acontecendo: viva! O palco dos nossos acontecimentos inclui todas as probabilidades de ser, ou não, destruição ou, evolução. É o próximo passo e, pode ser ele, também, o último... Último. Ah! Nada mais chato que isso. Fazemos da vida uma tolice, inventamos idiotices, para preenchermos o tempo que corre através dela, a vida. É, tudo já é! E eis que, de repente, nem dá tempo notar tudo que fazemos e, querermos ver do aquilo que estamos a fazer, desse, possível, último momento. Fazemos os nossos atalhos, criamos nossos ícones. Que nos faz rir, chorar, pular, deitar, querer saber o: por que do mar? Vacilar, trotar, quase parado. Ver-se inteiro, mesmo estando aos pedaços. De fato, é pouco tempo para tudo. Mas eu te garanto, não fujo. Finjo-me sujo, para camuflar minha luz. Sou amante dos tons que fluem, partindo para continuar sendo findo. Hoje, Toronto está tão próxima de floripa, nem me diga que é absurdo. Fico surdo, também, por falta de tempo. Esse tempo que não é mudo, fala através das mudanças de humor dos ventos. Vive mudando o jogo. O trote segue lento. Se fosse num cavalo alado, voaria como meus pensamentos.

Leudo, fevereiro 2008