sexta-feira, 14 de maio de 2010

ASTROFOGOS.

Olha pro céu, meu amor, veja o que o Hubble está lendo.
É o universo. Uma couve flor.
E continua expandindo.
Marque com dados seus dons
Jogue pro alto seus mitos
Na ursa maior um guerreiro encetou
E no deserto do caos universal falta sal, sobra sol,
Creia, está tudo explodindo.

Vejo o que era a nova era
Corpo mulato, sol com ventilador.
Tudo estava, e estará sendo.
Mesmo se em nós estiver tudo doendo
Ou se tudo já acabou

Buracos negros no ar
Sois detonando sem mar
Só de olhar
Da-nos um frio
Pólvora fora do barril
Choro sem soluçar
Luz e escuro é o que há




Leudo Carvalho 09/05/2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CAR (NA) VELAR

No armário, um divã. Mais a frente, deitado sobre uma esteira, o tempo. Nele, todos os somados, multiplicados, divididos e subtraídos gestos. Todos! Sem críticas éticas... De frente para todos os não momentos que também estão presentes com suas ausências. No fundo da cena há um sem nada imenso. Infinito! Como não se tem a métrica maior para o pensamento, resta-nos a gentileza de ocuparmos esse nada com as nossas vidas.
Hoje, a minha fantasia é a realidade. Dispo-me de tudo que me veste pelo avesso e me visto com a não forma que, também, é forma. Como um mestre-sala manco, tento acompanhar esse “samba de crioulo doido”, numa visão de um balé belo e infame. O corvo assentado em seu trono, espera pra moer a carne que recobre o esqueleto desse caótico dia-a-dia que é habita por uma moça que coseu o cosmos com a linha do equador, compensando, com uma veste menos torpe, vir cobrir a carne desse caminhar rumo as cinzas de uma quarta feira completa e seca.
Carnavalizar... Encontro de ritmos não sutis, porem, harmoniosos, que vão dando um lustre no chão desse novo céu em que piso. O chão é áspero e liso. Bons abrigos, rimas críticas, mas, segue-se a pista que à pista leva. De uns lados, luzes, e de outros, algumas trevas. Cores, caves, cortes e curas. Olhando assim, na altura da cintura, vejo a escuridão da minha desolação refletida na luz da marcha-rancho em que ocupo com a minha ilusão.
A Carne é aval dessa grande bola de sabão. È chuva para extravasar toda solidão de tantos foliões que passam pela vida a dançar sem percepção. Olha a negra maluca! A colombina! O pierrô! O desespero do pastor! A Vitória do tambor! De tanto festejarmos, legamos um carnavô!

LEUDO CARVALHO - 12/02/2010