quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tempoventotempo!

Tempo: um dos Deuses mais lindo. Mar infindo e contínuo, azul-lilás sangrento, a cara dos nossos rebentos, Consagro-me a ti ó Deus tempo. Inventivo como o vento, ambos com os mesmos talentos, arrastam pelos sentimentos os que tentam segui-los. Por onde sopra um? Ao outro, quem poderá despi-lo? Fazer jejum de dias não credencia a graça de amainar a fome desse sedento que nos devora, hora rápido, hora lento. Não nos vasculha por dentro. O que pretendemos não interessa a ele. Nenhum deles. A morte da vida voa no vento do esquecimento. Tempo: para a dor, é umguento. Tempo: para a flor, cessar cinzento. Tempo: para o vento, momento. Tempo: para a ação, movimento. Cada pedaço do que traço sirvo no altar devotadamente. O vento converte em torrente, arrastando tudo a esse lastro vasto. Não sobra nem rei nem vassalo. Candidato toda minha obra ao semear do esquecimento. Mas há como senti-lo, fraciono o zil sábio. Converto-o aos pedaços e me esbaldo na velocidade de mim mesmo. Me solto a esmo, sem marcar calendário. Pois, tanto o sábio quanto o otário, segue sugado por eles. Tempovento, ventotempo... somos do espaço, operários.

“...E quando eu tiver saído para fora do teu circulo, tempo, tempo, tempo, tempo. Não terei nem terás sido, tempo, tempo, tempo, tempo.”
L

Um comentário:

Unknown disse...

Gostei!Fantástico o "tanto sábio quanto o otário".Cara diria;que do buraco da gia;um poeta sairia!!!Beijão.